Uma crónica de Pedro Pinto publicada no P3:
"Estava eu com o meu "tablet", armado
em tecnológico, quando vejo alguém a olhar, com uns olhos esbugalhados, para o
dito aparelho, como se eu fosse um extra terrestre e estivesse a fazer algo que
jamais ninguém tinha conseguido até então. Era um senhor com idade avançada que
ficou siderado com o facto de eu estar a ler um livro daquele modo.
Prontamente, meti conversa,
expliquei-lhe sucintamente o que estava a fazer, as possibilidades do
equipamento, o menor gasto de papel, poupar árvores, entre outras razões que
considerei mais do que suficientes, mas do outro lado não obtive qualquer
resposta; confesso, ainda que por breves momentos, que pensei que tal figura
teria alguma parafernália, ou que estaria em modo de brincadeira.
Eis que me olha fixamente e diz a
seguinte frase:”sabe, isso não tem cheiro, não dá para folhear, não o vejo a
sentir o livro: eu gosto de livros!” — disse. Fiquei apreensivo, e tentei
argumentar com mais variáveis, sem ter reparado no livro que jazia a seu lado,
mas o tal senhor apenas ia sorrindo e: “vocês jovens querem tudo para ontem,
tudo demasiado imediato, desprovido de um prazer a uma velocidade lenta e mais
saborosa” — tive dee acenar em concordância. E assim ficamos: eu com o meu
livro digital; aquela figura com o seu livro já velho e bastante usado a seu
lado, como se fosse uma companhia humana."
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