Leituras feitas por Ana Deus
Fotos que Dulce Maria Cardoso partilhou com a plateia (que esgotou o auditório da BMAG): a 1ª mostra-a na idade em que partiu para Angola e a última quando foi condecorada em França.
A conversa desenvolveu-se, essencialmente, em torno do multipremiado romance "Retorno" e Dulce Maria Cardoso revelou-se de uma enorme simplicidade, lucidez e espírito crítico. Sem qualquer complexo ou vontade de 'fazer graça', revelou que , quando chegou a Portugal, 'devorou' os livros da Corin Tellado (porque via as senhoras que iam à pequena biblioteca de Cascais onde ela vivia, então, num hotel para 'retornados', lerem com muito entusiasmo tais livros!), que leu "Crime e Castigo" de Dostoievky só porque era 'grosso' e evitava ir mais vezes à biblioteca para outras requisições. Contou que acreditava que para ser 'escritora', tinha de aprender dactilografia e estenografia e ter uma máquina de escrever...até que percebeu que para o ser, precisava, sobretudo, de ler, ler, ler...
"Retorno" começou a ser 'escrito' aos 11 anos quando aterrou em Lisboa, na época em se organizou a maior ponte aérea de sempre para evacuar os portugueses de Angola. Sempre soube que nunca mais voltaria àquela terra e que tinha que contar as suas vivências num período marcante da vida de uma adolescente em dois territórios em 'convulsão'.
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