O MOMENTO XXIII do ciclo sazonal de
projeções-conversa O SABOR DO CINEMA propõe-se abraçar o tema das relações
entre cinema e literatura, evitando contudo colocar a tónica na adaptação e no
lugar-comum da passagem do romance ao ecrã. Donde esta escolha de uma dúzia de
filmes que disparam em muitos sentidos, desde a proposta de chaves para a
leitura de uma obra poética através dos traços biográficos que esta mesma
ficciona – como é o caso do ensaio visual de Ginette Lavigne que nos dará a
honra da sua presença – ao monumento cinematográfico-musical que Paulo Rocha,
recém-falecido, construiu a partir da vida do muito peculiar escritor Wenceslau
de Moraes. Sophia pela mão de João César Monteiro, José Régio pelo olhar de
Manoel de Oliveira; o poeta e músico arménio Sayat Nova evocado por Paradjanov;
o cómico Buster Keaton convocado pelo dramaturgo Samuel Beckett; o casal
Huillet-Straub meditando acerca da relação entre os deuses e os homens através
do texto de Cesare Pavese; Duras desdobrando-se em Aurélia Steiner e
desdobrando esta última em várias personagens; Saguenail multiplicando os
atores da paixão de Cristo pelo número de enquadramentos de um filme; Pasolini
refletindo sobre imagens filmadas em busca de atores para uma Oresteia africana
— em suma, um conjunto de obras instáveis em que os meios artesanais do cinema
são encarados como ferramentas de escrita. A ver e conversar.
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