A biblioteca Google cumpre um papel significativo ao escanear e divulgar
as obras raras. Mas as novas tecnologias não anulam a importância e o papel das
bibliotecas físicas, enquanto centros não apenas de conservação, mas também de
difusão da leitura”, defende Nelson Schapochni.
Ipad, celular, netbook, note, kindle, papel-jornal, revistas, poemas
em cds e até livros. Conservar os conteúdos feitos para diferentes suportes de
comunicação traz desafios inéditos a respeito da manutenção de coleções no
presente e no futuro. “As bibliotecas vão se tornar cada vez mais um lugar de estudos
e menos um lugar de leitura pelo mero prazer”, pondera Schapochnik. Um dos
aspectos ressaltados por ele são as novas formas de exclusão social que
surgem mesmo com o advento das mídias digitais. “Existem os Pontos de Cultura,
que facilitam o acesso ao acervo digital. Mas quem é que lê Ulisses, do James
Joyce, na tela de um computador? O romance narra 24 horas na vida de uma
pessoa, mas são 800 páginas, afinal”.
Em sua palestra, Schapochnik lembrou que o homem, ao longo da sua
trajetória, conviveu com diferentes jeitos de ler e atribuir sentido ao que se
lia. “A leitura não é um processo natural ou universal, que ocorre do mesmo
jeito, mas antes uma prática cultural e que, portanto, deve ser compreendida de
acordo com as suas variações ao longo do tempo e nos diferentes lugares em que
acontece”. Sobre o modo predominante como se lê hoje, o pesquisador acredita
que a revolução da informática propicia uma percepção mais veloz do tempo,
o que tem repercutido na qualidade da leitura. “De uma leitura sistemática
passou-se a ler no intervalo entre uma coisa e outra, como quando fecha o
farol, ou no ônibus do trabalho para casa”, afirmou. De acordo com ele, outros
tipos de leitura continuarão a ser desenvolvidos. “Não se lê mais de cabo a
rabo, mas saltando, como nas páginas que se abre na janela de um computador.
Para isso já existe até um verbo específico: surfar. Continuamos atualizando e
criando novas maneiras de ler”, afirma. Para Schapochnik, formatos diversos
convivem com práticas de leitura concomitantes. “A história material do livro
influencia o tipo de leitura que se faz. As características físicas são
decisivas no modo com que se lê. Pra cada tipo de leitor existe uma edição
correspondente a sua expectativa. Diz-me que edição tu lês e te direi que leitor
tu és”, conclui.
[via blog do galeno]
[via blog do galeno]
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