[na Galeria Trema,
em Lisboa até 8 de Junho]
[...]
São esculturas de papel. "É a minha
interpretação, são várias histórias que se cruzam", explica Maria Rita.
Não retalhou "O filho de mil homens", de Valter Hugo
Mãe, mas o escritor até desejou o contrário. "Quando conheci o
trabalho da Maria Rita Pires, acerca daquela Alice num país de maravilhas,
invejei aquilo tudo. Fiquei roído como muito má gente, a querer ver os meus
livros mudados para esculturas iguais, cheias de papelinhos delicados que
parecem também palavras recortadas, pequenas palavras que, sem falarem, mostram
uma figura ou um objecto", admite Valter Hugo Mãe, impressionado "com
o paciente das suas peças e muito com a vulnerabilidade que inspiram".
[...]
Na opinião do escritor, "O Filho de Mil
Homens" é "a reclamação da vulnerabilidade como um direito de beleza
de carácter". [...]
"O modo como o papel floriu, como se fez
pássaro e borboleta, a roupa interior que seca na árvore, tudo me maravilha.
Como se o mundo do livro se traduzisse num atrito ínfimo da luz, uma presença
quase ausente, igual às visões de sonho. O trabalho da Maria Rita Pires
deslumbra-me. Põe-me a ver milagrinhos de papel. Aquilo que os escritores tanto
buscam nas palavras e que ela encontrou tão ao pé delas".
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