A incorporação de pequenas editoras e
livrarias pelos gigantes do mercado também contribui para a perda de qualidade
da literatura. O tratamento impessoal dispensado ao leitor nas grandes
livrarias mostra o interesse em fomentar só o consumo, diz Manguel, que não se
deixa levar pelo discurso de que os livros comerciais sustentam a publicação
dos que têm mais qualidade. Falta espírito crítico aos leitores, afirma o
escritor, que se surpreendeu com o sucesso de livros eróticos entre mulheres
jovens, quando as tramas enfatizam o arquétipo das protagonistas submissas.
"Se as mulheres são 70% dos leitores,
deveriam repudiar histórias que vão contra tudo o que se fez para estabelecer a
posição feminina na sociedade patriarcal do Ocidente. A maior violência nesses
romances não é sexual, mas o fato de impedirem as heroínas de questionar as
ordens que recebem dos homens. Isso reforça o mito da inferioridade feminina em
pleno século XXI, como se as mulheres não tivessem autonomia para tomar
decisões plenamente. Homens e mulheres devem, juntos, como leitores, membros da
sociedade, refletir sobre essa literatura que nega ao personagem o direito ao
questionamento", diz.
[via blog do galeno]
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