Essa mulher que matou os peixes infelizmente
sou eu. Mas juro a vocês que foi sem querer. Logo eu! que não tenho coragem de
matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata ou outra. Dou minha palavra
de honra que sou pessoa de confiança e meu coração é doce: perto de mim nunca
deixo criança nem bicho sofrer.
Pois logo eu matei dois peixinhos vermelhos
que não fazem mal a ninguém e que não são ambiciosos: só querem mesmo é viver.
Pessoas também querem viver, mas felizmente querem também aproveitar a vida
para fazer alguma coisa de bom.
Não tenho coragem ainda de contar agora mesmo
como aconteceu. Mas prometo que no fim deste livro contarei e vocês, que vão
ler esta história triste, me perdoarão ou não. Vocês hão de perguntar: por que
só no fim do livro? E eu respondo:
— É porque no começo e no meio vou contar
algumas histórias de bichos que eu tive, só para vocês verem que eu só poderia
ter matado os peixinhos sem querer.
Estou com esperança de que, no fim do livro,
vocês já me conheçam melhor e me deem o perdão que eu peço a propósito da morte
dos dois “vermelhinhos” — em casa chamávamos os peixes de “vermelhinhos”.
Li o livro, deliciada, pela escrita e pela história. O título 'anuncia' uma história de 'crime e castigo' mas desenrola-se sem falsos moralismos (tão recorrente em alguns 'livros para crianças'...) nem condenações apressadas. Crianças tratadas como seres que sabem entender as falhas humanas...
Aqui pode ver um vídeo muito interessante sobre o livro.
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