“Well-run libraries are filled with people because what a good library offers cannot be easily found elsewhere: an indoor public space in which you do not have to buy anything in order to stay.” Zadie Smith

sexta-feira, 25 de março de 2011

O DIGITAL JÁ MARCA O FUTURO

Riccardo Cavallero é diretor-geral de livros da Mondadori para a Itália, a Espanha e a América Latina; a Mondadori engloba os selos Einaudi, Piemme, Sperling & Kupfer, Mondadori e Random House Mondadori. Alguns excertos de uma entrevista que deu ao El País (16.03.11):
"...pela primeira vez o mundo editorial está mudando. O digital supõe um grande impacto porque o poder passa do editor ao leitor. Desde Gutenberg não muda nada. Houve mudanças mecânicas, mas o processo e o negócio não mudavam. Os editores tinham o poder de decidir o que se lia em um país. Isto fez com que os editores entendessem mal a sua atividade, que a tenham confundido com a de impressor ou distribuidor, esquecendo-se da de editor.
[...]
O poder passa ao leitor, que é quem decide o que quer, quando quer, como quer e a que preço. Poderíamos compará-lo com a revolução de Copérnico. Não é o mundo que dá voltas ao redor da Terra, mas a Terra é um planeta que gira ao redor de um sol, o consumidor, o leitor. Esta é a grande mudança.
[...]
Estamos no momento da grande mudança pelo que acontece com o digital. Um momento em que devemos ter a coragem de renunciar aos privilégios que conseguimos, e que nos mantiveram como líderes até agora; é um momento para reinventar o nosso trabalho; como todos os momentos de mudança, este pode ser doloroso, incômodo, porque no mínimo até agora você controlava tudo, sabia tudo sobre o seu mundo. Agora é preciso assumir riscos, ter muita curiosidade, experimentar e, sobretudo, estar treinado para se equivocar. Quem nos próximos cinco anos não se equivocar, e não se equivocar de maneira importante, creio que não chegará aos dez anos.
[...]
A pirataria é um fato muito sério, muito doloroso, em alguns países mais que em outros. Mas, se me permite, os piratas são os únicos que conhecem verdadeiramente os best sellers. Para um autor, ser pirateado é quase uma satisfação porque significa que está vendendo muito. O pirata nunca erra!... Agora, falando seriamente, é certo combater a questão da pirataria até onde se pode, mas lhe digo a verdade: a responsabilidade da pirataria (falo da digital, sobretudo) é dos editores... A música não tinha barreiras de idioma, era vendida muito cara, te obrigavam a comprar um CD para ouvir, às vezes, apenas uma música. Em nível comercial, isto era sem dúvida um estímulo para piratear. Todos pirateamos música; aos doze ou aos quinze anos já gravamos uma canção de um disco para presentear uma fita cassete a uma noiva. Creio que não há ninguém no mundo que não o tenha feito. Portanto, não é preciso assustar-se com isso.
Ler toda a entrevista aqui

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