foto de Rui Gaudêncio
Quem o afirma é Andreia Brites (que esteve recentemente nas II Jornadas das Bibliotecas da Maia) numa entrevista concedida a Rita Pimenta (também esteve nas mesmas Jornadas) e publicada na Pública deste domingo (06.11.11). E vai desenvolvendo o seu pensamento (de experiência feito já que é mediadora de leitura da DGLB): "O adulto não pode ser paternalista com o adolescente, pensando nele como uma criança, que já não é. Devemos ajudá-lo a conhecer livros, porque há sempre um livro para um leitor e, muitas vezes, o desinteresse deriva desse desconhecimento." Diz também que a crescente autonomia dos jovens leva-os "a ler, cada vez mais, livros que os adultos também lêem, e não podemos criticá-los por escolherem best-sellers ou fórmulas, nem ter a pretensão de que todos adorem livros eruditos. Afinal, é assim, também, com os adultos. Os best-sellers são universais e transversais. As modas na leitura são iguais às outras modas: intensas e fugazes. Nisso, os adolescentes também se comportam como os adultos, seguindo tendências e modas: já as houve fantásticas, diarísticas, dramáticas e frívolas. O marketing funciona com todos os públicos."
Andreia Brites refuta a opinião dos que afirmam que os jovens de hoje leem pouco ou nada: "De há seis anos para cá, à minha pergunta da praxe, no início dos ateliers, 'há alguém que goste de ler?', o tom geral da respostamudou de 'não' para 'mais ou menos'. E há cada vez mais alunos a levantar o braço, afirmando que gostam de ler, sem olharem para a reacção dos colegas. A leitura já não é um inimigo mortal.[...] Esta alteração deve-se ao investimento que tem vindo a ser feito na leitura recreativa desde o ensino pré-escolar, à sensibilização de educadores e pais para a importância da leitura e ao acesso a livros mais diversificados."
Defende que "dar a ler é um acto altruísta", afasta pretensões formativas "se as tivermos, não conseguiremos ver claramente o jovem que temos à frente, embaciada que fica a lente pelo nosso próprio ego." Lamenta que a literatura juvenil seja 'ostracizada' e diz que a '"infantil já é o 'parente pobre' apesar de uma e outra serem tão válidas como a literatura para adultos." Por esta ideia se 'bate' no blogue (partilhado com André Leria): O Bicho dos Livros.
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