biblioteca da EB23 de Amarante
A Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) engloba cerca de 2300 bibliotecas em escolas dos diferentes níveis e está atenta à "procura crescente de aplicações digitais" disse, ao JN, Manuela Silva, uma técnica da RBE.
Uma das funções das bibliotecas é ensinar a usar os ambiente digitais", apontou, lembrando que "todas permitem aceder a conteúdos multimédia, têm computadores e wireless.Os recursos existentes nas 2300 bibliotecas da RBE não são homogéneos. Apesar das evoluções, continua a haver uma falta de conteúdos multimédia em Português, um problema que é geral no domínio da edição."
O novo paradigma dos formatos digitais coloca, no entanto, um desafio: como é que um jovem seduzido pelos computadores consegue ser cativado para ler um livro em papel?
Isabel Mendinhos, professora bibliotecária e coordenadora interconcelhia para as bibliotecas escolares no concelho de Sintra, defende que a situação é diferente consoante as idades."Os alunos mais pequenos, do primeiro ciclo, gostam mais do livro em papel ainda(...) porque temos imensos e ótimos ilustradores portugueses e os livros infantis são, hoje em dia, extremamente motivadores e despertam a vontade ler e refletir."Ou seja, os pequenos "requisitam livros para levar para casa e partilham uns com os outros."
Já com os alunos mais velhos, "é preciso haver mais imaginação" para conseguir que leiam um livro (...) Uma das estratégias passa por "encontrar formas de associar a leitura do livroimpresso ao gosto que eles têm pelo digital.. O que se pede aos alunos como produto das suas leituras envolve os meios digitais.", explicou Isabel Mendinhos. A título de exemplo, cita os casos em que os jovens são desafiados a ler um livro sabendo que "depois, precisam de produzir um pequeno vídeo promocional desse livroou um texto sobre essa obra para o blogue da biblioteca. E resulta."
(...) "A nossa ideia é que a biblioteca seja o"meeting point" de cada escola", referiu Teresa Calçada, coordenadora nacional da RBE. "A adesão dos jovens às bibliotecas e o estímulo à leitura são objetivos fundamentais mas não somos ortodoxos nem preconceituosos. A mim não me custa que um aluno vá ler "A Bola" porque isso pode ser a passarela para uma revista ou um livro. A biblioteca deve ser encarada pelos jovens como um sítio de trabalho e de gozo. Claro que, quando entram na biblioteca, querem primeiro o computador. (...) Quero que eles saibam que o Google diz verdades e mentiras."
[texto publicado hoje no JN da autoria do jornalista Cristiano Pereira, com algumas supressões e adaptações]
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