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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"A ESCOLA SÓ CUMPRE A SUA FINALIDADE QUANDO FORMA LEITORES"


Entrevistar o escritor Bartolomeu Campos Queirós é como conversar sobre literatura na varanda de casa. Sem rodeios, o mestre dá dicas, fala sobre o processo de criação, expõe idéias, desvenda segredos e nos mostra que ainda há muitos caminhos a serem trilhados por nossos pensamentos. Seus textos são muito emocionais, voltados para as descobertas e inquietações dos personagens. 
Como é seu processo de criação? Você pensa em um leitor específico quando escreve uma história?
Quando escrevo procuro exercer o melhor de mim. Procuro uma linguagem direta, clara, frases curtas, o que não impede o texto de suportar uma análise literária. Exploro as metáforas, não apenas como figura de estilo, mas a metáfora permite vários níveis de entendimentos. Não seleciono o assunto, não gosto de literatura com destinatário, dividindo o mundo como se existisse um mundo para criança e outro para os adultos. A existência é um fio único que começa no nascimento e encerra com a morte. Tento construir um texto sem fronteiras. Cada leitor se inscreve nele a partir de suas experiências. Todos vivemos num mesmo mundo e somos portadores da fantasia,que nos permite dialogar com o universo.

Como você vê a Literatura no cenário da Educação no Brasil de hoje? O que você acha que poderia ser feito para melhorar isso?


Vejo com alegria a preocupação, tanto da escola como de toda sociedade, com a formação do leitor. A escola só cumpre sua finalidade e se torna permanente na vida do aluno quando forma leitores. O sujeito sai e continua se educando vida afora. Acredito que devemos facilitar a aproximação do professor com a literatura. Para criar o hábito da leitura o professor tem que possuir hálito de leitura. O trabalho maior deve ser junto dos professores, para que eles deixem também transbordar seu gosto pela leitura.
[...]
Algumas pessoas têm a idéia, equivocada, de que criança não gosta de poesia. O que você diria a estas pessoas?
As crianças gostam sim de poesia. É preciso saber apresentar a poesia para elas. A poesia é um texto contido, econômico, com bastante abertura para o leitor apreciar seus tantos sentidos. Depois a criança gosta do jogo com as palavras, das rimas rimas, do inusitado. A criança é um ser aberto para o mundo. O que não podemos ter é um conceito de criança. Cada criança é um conceito. Algumas podem gostar de poesia e outras de mistério. O importante é gostar de algum estilo. É preciso descobrir.

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