“Well-run libraries are filled with people because what a good library offers cannot be easily found elsewhere: an indoor public space in which you do not have to buy anything in order to stay.” Zadie Smith

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

JOÃO TORDO E OS EFEITOS DOS E-BBOKS


Todas as inovações tecnológicas acarretam uma significativa dose de entusiasmo e outra dose, ainda mais significativa, de medo. As máquinas tomavam conta do mundo ou manipulavam o homem em mais filmes do que os que consigo nomear – assim de cabeça: Terminator, Electric Dreams, 2001 Odisseia no Espaço, Matrix -; na nossa vida quotidiana, quantas vezes nos referimos às máquinas como invasoras do espaço que deveria pertencer ao homem – nas caixas automáticas do supermercado, nos bilhetes electrónicos de viagem e, recentemente, até nas portagens da auto-estrada? O medo da tecnologia não é mais do que o medo da substituição: de sermos considerados obsoletos, de deixarmos de pertencer a isto, de perdermos o nosso lugar natural na ordem das espécies. O mesmo tem acontecido com o livro electrónico, mais conhecido por e-book
Algumas vozes levantam-se em sua defesa, outras anunciam a iminente catástrofe do fim do livro como sempre o conhecemos, desde que era escrito na pedra ou rabiscado em papiro. Estes últimos defendem o livro tradicional por o con- siderarem um ser vivo, uma extensão das suas próprias mãos, coisa táctil, rugosa, de aroma tão antigo como a antiguidade; os primeiros, por outro lado, advogam a facilidade de ter centenas de obras no mesmo dispositivo e invocam uma outra catástrofe, a ecológica, que se perpetuará enquanto forem abatidas árvores para nos fornecer a matéria-prima.
O problema, insisto, é de substituição, pelo menos no que diz respeito aos leitores; quanto aos escritores, essa substituição começou no momento em que abandonámos a pedra, o papiro, a caligrafia, a saudosa máquina de escrever e, agora, utilizamos o computador, no qual nada é real – nem letras nem páginas -, escrevendo virtualmente as palavras que, mais tarde, surgem impressas por artes que, regra geral, desconhecemos.
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