MANUEL ANTÓNIO PINA EM ENTREVISTA

No âmbito do projecto "Manuel António Pina: (des)construtor de histórias" que juntou a BM Dr José Vieira de Carvalho e todas as bibliotecas escolares da Maia, o escritor deu uma entrevista à revista "Mais Maia". Dela trazemos aqui um excerto (e recomendamos que procurem a revista e a leiam na íntegra!):

MM- Na sua opinião, os jovens dos dias de hoje lêem mais ou menos?

MAP- Contrariamente ao que se diz, é minha convicção que hoje lê-se mais do que quando eu era jovem, pelo menos até aos 14 anos. Lê-se mais em termos absolutos, porque em termos relativos, lê-se muitíssimo mais do que quando eu tinha essa idade, porque não havia a concorrência da internet ou da televisão e rádio... E isso deve-se, sobretudo, na minha opinião, ao trabalho feito por professores que gostam de literatura, que gostam de ensinar, algo que poucas vezes é reconhecido.Eu estou convencido que o grande problema do insucesso escolar se deve ao facto de existirem pessoas a dar aulas que não têm vocação para ensinar e só o fazem porque não têm outra alternativa, estão a fazê-lo contrariados.Há muita gente a dar aulas e nas bibliotecas que têm prazer no que estão a fazer e isso vê-se nos resultados...Eu vejo por mim que estou sempre a ser solicitado para ir a escolas e bibliotecas, o que é sinal que os professores e alunos têm cada vez mais gosto pelas letras e pela literatura.

[...]

MM - Do seu ponto de vista que beneficío é que encontra na união entre as bibliotecas escolares e as bibliotecas públicas?

MAP - Todo o tipo de colaborações que proporcionem diferentes perspectivas são extreamente enriquecedoras, não só em quantidade como também em qualidade. Quanto mais variedade de abordagens e de práticas houver em qualquer área, mais enriquecedora é a actividade, todos ficam a ganhar. A nossa perspectiva é sempre enriquecida pela perspectiva dos outros, é algo que permite identificar as nossas fragilidades e enriquecer as nossas virtualidades.